terça-feira, 30 de junho de 2009

Xique Toda

Aí você chega na feira, dia de sábado coisa e tal, começa a procurar seus interesses... De repente, uma cabeça cheeeeeia de "bobes"! Enormes, uns 10cm de diâmetro. Pitoresco! Mais outra, agora azuis. Outra, amarelos. Outra e mais outra: bobes vermelhos e novamente azuis! Sim, essa é a feira de Riachão.

Como dizem que no interior o tempo parece levar mais tempo, deve ser moda dos anos 60 que resolveu ficar por lá. E a displicência das damas que passeam pela feira, e claro, porque não, já se preparam para as festas à noite. Estrategicamente registradas por nossa amiga m.b como atração turística (faça a caridade de publicar, viu?!) com o cínico auxílio do Lemingão que cobria a linha de frente para uma discreta captura das alegóricas traseuntes. No mínimo, curiosas.

Compramos e fomos... mas somente para poder voltar! Ê Riachão, êita Moranga bôa!

*** Agradecimento especial nossos queridos amigos que nos propiciaram, mais uma vez, uma estadia mara! (não é provocação, m.b =)) ***

quinta-feira, 25 de setembro de 2008

Momento Animal - Road Show

Eu, no ônibus, indo de Botafogo para a rodoviária Novo Rio.

Aquela coisa assim, bem ônibus, de andar olhando tudo, ainda mais numa cidade que nao eh a nossa.

Parou na sinaleira; olho para o lado e vejo um bando de oficinas mecânicas. Uma em especial me chama atenção pela sua enorme placa: TIRA MORSA.

Fiquei bastante tocada com a sua responsabilidade sócio-ambiental com as morsas, lógico, mas coitados dos leoes-marinhos, das focas e das belugas. O que pode acontecer se um deles, ao inves de uma MORSA, encalhar? Esses mecânicos nao tem mesmo coracao.

WWF BRASIL - Cuidando do Meio Ambiente.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

cheiros e memória

Ontem eu caminhava pelas ruas do centro histórico da cidade (lugar que atualmente me dá desgosto e nojo) e senti um cheiro deliciosamente nostálgico. Cheiro de pão sendo feito.

Imediatamente minha memória me brindou com doces lembranças de meus passeios a pé nas ruas de Porto, trocando duas palavras em inglês, três em português.

Eu acho fantástico quando a memória é maior do que nossa razão e que nossa escolha de "no que pensar". Adoro me lembrar de algo ou de alguém por estar em algum lugar, ou ouvir alguma música, e isso todo mundo sente, muitas vezes.

Mas ontem eu lembrei do quanto é forte quando um cheiro nos ativa a memória. É como se nos transportasse, por mili-segundos, para um breve momento no passado, e nos trouxesse correndo de volta à realidade.

Fico feliz em saber que existem tantos e tantos cheiros ainda sem associação em minha cabeça. Me atenta para o fato de que ainda tenho muito a viver, e muito a lembrar.

sábado, 23 de agosto de 2008

Já era hora!

Tempo
Arnaldo Diniz



Já completava a terceira vez que o grande alcançava o pequeno, e contava a ilusão monótona das horas. E se não fosse pela inquietação daquelas madeiras que ripavam ao longe, incessantemente – como que remendando qualquer outra máquina estúpida que não um relógio – trabalhadas pela mão de seu pai, com destreza singular, que só um homem em sua sensibilidade poderia representar.

Zezé acordava outra vez tresloucada. Curiosa com os estampidos, provavelmente provocados pelo cravejar da mesma madeira que algum dia lhe serviu e carregou, ou carregou aos seus amigos do passaredo – que hoje ainda, insistem em violentar a alvura azul daquele céu rasgado. E teve medo de seu pensamento: “e se as nuvens fossem traças?!”

“Senhor Arnaldo! Senhor Arnaldo!” Uma negra grande vinha ao longe, correndo e segurando seus panos com as duas mãos, atrapalhada na efervescência da sua situação, e da emergência com que as suas palavras procuravam fugir-lhe da boca: “Trenzin chega hoje não senhor...” E antes que a ausência do seu trabalho fizesse falta à Zezé – que agora estava preocupada com suas nuvens-traça – ou às suas próprias madeiras – se pudessem elas esfriar no ânimo, ao perceberem que não mais recebiam o flagelo de uma sova bem aplicada – apaziguou a negra e a despachou. Apanhavam, mas sentiam um amor infinito por aquele homem.

“Sei Remédios. Agora vai e assiste a tua família que já é tarde”. E a negra foi ter com os seus... E o grande passava o pequeno outra vez...

Quando chegou em casa, Arnaldo foi encontrar sua filha lá no quartinho dos fundos, que algum dia havia sido uma despensa. Mas Arnaldo o fizera sua bancada. E lá, punha toda a espécie de instrumentos para sua faculdade. Zezé observava as peças angustiada, e chorava agarrada a um toco de pau-ninguém – um toco qualquer – não se sabe de onde vindo. Um choro vazio. Assim como vazio era o que seus olhos refletiam: a fabulosa idéia de que um céu tão lindo era comido por traças. E ela nada podia contra as traças, porque não era pombo e não as podia alcançar. Odiava aquelas traças. Aquelas nuvens que teimavam só em ficar, e não conheciam a ordem das coisas – demasiadamente prudentes para não se precipitar.

Foi então que percebeu seu pai, parado, olhando da porta. E viu seus pés molhados, afogados nas lágrimas saídas de seus próprios olhos. Pôde acompanhar o rastro deixado por elas: desde a face, caminhando sobre a fazenda de seu vestido, descendo-lhe o ventre e as pernas, até tocar o chão.


Agora chorava mais ainda, mas de felicidade. Uma felicidade permitida. E somente pela certeza de que não importando o quando nem o quanto. Nem quando viessem as traças a desistir daquele céu tão seu, nem quanto as madeiras de seu pai deveriam ainda flagelar, para que se construíssem pombais e mais pombais, para que todos aqueles pombos, brancos e famintos, subissem aos céus em busca das traças. E saciassem sua fome e a fome dela: Ma. José.

Naquele momento podia sentir. Ouvia os pombos partindo e se deleitava às narinas com um cheiro de terra molhada que ainda não se via. Correu até a porta e o abraçou... Como o grande abraçava o pequeno: sem pensar. Percebeu que nunca é tarde, pois, agora, era todo seu, o tempo. Qualquer um, grande ou pequeno.


***


Por tempo, amou os pombos, e as traças, e o toco de pau-ninguém... E ninguém mais no mundo, no seu mundo infinito, soube realmente de onde vinham as traças que alimentavam todo o seu choro e regava a terra como exemplo de amor para as nuvens – ainda prudentes, mas mesquinhas.

Conheceu uma imensidão jamais solitária, e arrependeu-se do dia em que teve ódio das traças que lhe roíam o céu. Contava agora com o seu coração, repetidamente, como faziam o grande e o pequeno. Apertou mais ainda seu pai, pois fazia notar que não mais se deixariam. Seja para surrar ex-árvores, seja para questionar a inexistência das águas teimosas em voar. Ficaram unidos pelo nó dos ponteiros; na certeza de que a cada volta, numa volta incessante, seria o que acontece por fora apenas ilusão. O que realmente lhe importa era que estava dentro. Apesar de chamá-lo de nó, preferia entender união.

E os ponteiros do relógio se encontravam novamente: Quando o grande passou pelo pequeno mais outra vez, mas que só importa aos relógios - que nunca vêem o tempo passar, alheios aos seus próprios ponteiros... Assim como ele sempre pôde, ela agora podia. Então pensou: “e se eu fosse, agora, um pombo-relógio?!. As gotas da chuva seriam meus próprios segundos... os rios minutos, horas e dias... e os oceanos...? Anos! Anos e mais anos!”

Pertencia a outra realidade. Podia estar nos mares, na terra, ou subir aos céus. Eternamente pertencente à sua própria natureza e à natureza que a criou. Voou, e sentiu a frescura dos ventos; e se banhou, sentindo na pele a presença dos tempos; e pensou, que no dia em que viesse a submergir nas entranhas de Gaia, estaria em repouso por todo o tempo, todas as gotas rasgadas das traças que um dia odiou e que fez dela o amor sem tempo.


* * * FIM * * *

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Traduzindo os elogios

Para quem teve a sorte de escutar os elogios abaixo, aqui está a tradução normalizada da coisa:

Uma pessoa:

a) inoxidável - que tem a natureza boa, e a reputação perfeita (óbvia);
b) helps - sempre pronta para ajudar, solidário (fácil);
c) batráquia - que resolve as coisas, veste a roupa de sapo (médio);
d) estrogonoficamente sensível - que não se mistura/combina com qualquer coisa (estrogonofe combina com arroz e batata palha; e só!);
e) simetricamente bondosa - que é bom tanto com os amigos quanto com os inimigos, nos dois sentidos (difícil);

Se vc parar pra pensar, vai lembrar de vários amigos que se encontram entre o "a" e o "e", inclusive que combinam os adjetivos em composições aprazíveis (do contrário não seriam amigos =)).

Descobri, com os meus amigos, que é difícil dizer por que o somos... É muito mais fácil apontar os defeitos e fugir dos efeitos que possam causar. Mas a amizade é uma força sutil e tão forte que se confunde e se mescla com o amor, com o ódio.

Quando é verdadeira - e não raro seja mentira - é como um abençoado casamento onde todos se namoram mesmo depois que a morte os separa (...)

PS: Faltou um... Pessoa que merece todo o respeito tecnológico - aquele cara que se dá bem com máquinas e toda tralha eletrônica (quase um Nerd) =)

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

ainda chega o dia

Ainda chega o dia em que eu não vou "give a shit" pro que os outros pensam.
Não que eu queira ser uma pessoa de todo egoísta.
Mas que eu estou cansada de ser o que os outros esperam e me incomodar com o que acham de mim.

Engordou.
Ganha pouco.
Fez voto de pobreza.
Precisa ajudar não-sei-quem mesmo que isso te faça mal.
Tem um trabalho ruim.

Por isso, muitas vezes em minha vida, eu temo ter filhos.
Não quero que eles padeçam da aqui chamada síndrome-da-projeção.
Acho que por isso escolhi amigos que não me julgam em quase nada.
Só me apóiam.

Cansei de ser o que esperam de mim. Agora eu quero ser eu.

sábado, 16 de agosto de 2008

Estando junto

Eu já não gostei de coisas virtuais. Eu ainda gosto de escrever no papel antes de "passar à limpo" para o computador.

Mas devo confessar que essas novas possibilidades - de uma maneira quase clichê/cafona - agora que, logo mais, estarei geograficamente longe, me encantam. É poder fazer aqueles que sempre estiveram perto, continuarem perto, bem dentro da sua cabeça. Se não dentro, dentro, - porque às vezes é mesmo difícil entrar - ouvindo/lendo de perto.

E o melhor é poder fazer aqueles que só estão perto agora, continuarem, mesmo de longe e não perdê-los de vista. E ainda tem os que chegam desavisadamente.

Sim, estou quase obcecada por isso. Oras, eu preciso ficar agora, antes de ir! Porque depois que for, aí eu já terei ido. E aí não tem nem mais graça.

Parafraseando Arnaldo Batista (lelézinho e muito esperto), bom mesmo é quando estamos todos juntos, reunidos, numa pessoa só. Seja lá como for.